quarta-feira, 29 de março de 2017

Quem matou o poeta da paz?


Uma contusão com traumatismo craniano foi o que tirou a vida do escritor Eduardo Castro de Aquino Lima, de 67 anos, vice-presidente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense, provavelmente na madrugada de sábado (26), em sua residência, na Rua A, no Bairro Quilômetro Sete. A princípio havia sido veiculado que a vítima havia sofrido um disparo de arma de fogo no rosto – inclusive assim foi registrado junto à 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil -, mas o exame necroscópico realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que na realidade ele foi atingido por algum objeto na cabeça.
O caso está cercado de mistérios e ainda não se sabe se está vinculado à morte do filho dele, Marlon Gonçalves de Aquino, de 30 anos, ocorrida na mesma madrugada, quando pretensamente entrou em confronto com policiais militares durante uma abordagem na Folha 29, em frente ao Cemitério da Saudade, na Folha 29, na Nova Marabá, no início da madrugada. Foi levantada a suspeita, inclusive, de que o próprio filho pode ter envolvimento na morte do pai, porém nada foi confirmado até o momento.
O tenente Moura, da Polícia Militar, informou nesta segunda-feira que as características físicas de Marlon e da motocicleta que ele estava conduzindo – incluindo a placa - haviam sido repassadas ao Núcleo Integrado de Operações Policias (Niop-190) por vítimas que afirmavam terem sido roubadas por ele. Quando a guarnição cruzou com a motocicleta, emitiu ordem de parada. Segundo o policial, Marlon chegou a descer da moto, mas desobedeceu a ordem de colocar as mãos na cabeça. “Ele levou a mão à cintura para pegar a arma e foi alvejado”, informou.
A própria Polícia Militar socorreu o baleado e o encaminhou ao Hospital Municipal de Marabá (HMM), porém ele não resistiu ao ferimento. Max Gonçalves de Aquino, filho do escritor, informou ao Jornal que soube da morte do irmão ao amanhecer e seguiu para a casa do pai para informá-lo do ocorrido, foi quando encontrou Eduardo Castro, que era pai de cinco filhos, morto. Max afirma que o pai vivia sozinho e estava caído no chão, de bruços, ensanguentado. O filho então o ergueu e colocou em cima de uma cama, acionando o Niop-190 em seguida.
Naquele horário, o escritor já estava morto e Max diz não fazer ideia do que pode ter acontecido, já que não foi localizada nenhuma testemunha do caso. Ele acrescentou, ainda, que o irmão não costumava se alterar com o pai, achando estranha a suspeita de que ele possa ter envolvimento na morte. Emocionado, preferiu não comentar muito sobre a dupla perda. "Acabou o mundo".
A intervenção policial que resultou na morte foi registrada junto ao plantão da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, que irá realizar a investigação do caso. Já inquérito que apura o homicídio do escritor, também registrado no plantão com poucas informações, foi encaminhado ao Departamento de Homicídios, que passa a ser o responsável por apurar a autoria do caso. A delegada titular Raíssa Beleboni não gravou entrevista nesta segunda-feira (27) sobre a situação, se comprometendo a falar com a imprensa hoje, terça (28). A equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves esteve na residência do escritor realizando levantamentos no local de crime.
Junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Marlon respondia por um crime de furto, ocorrido em 2013, e outro por ameaça ocorrida em 2016 e pelo qual foi preso em flagrante em dezembro passado. De acordo com decisão judicial de fevereiro, assinada pelo juiz substituto Daniel Gomes Coelho, respondendo pela 3ª Vara Criminal de Marabá, no dia 21 de dezembro ele foi autuado em flagrante e dois dias depois foi arbitrada fiança no valor de R$ 8.800 para que o acusado pudesse responder ao crime em liberdade. Dois meses depois o valor não havia sido recolhido e ele continuava recolhido no Centro de Triagem Masculino de Marabá (CTMM).
O Poder Judiciário entendeu que o fato demonstrou ser impossível ao preso recolher o valor, motivo pelo qual recebeu o direito de ser colocado em liberdade, mediante medidas protetivas. Na última sexta-feira (24), uma mulher havia procurado a Seccional de Polícia Civil, com uma foto de Marlon, o acusando de roubo, ocorrido na Folha 19, Nova Marabá.
Ela registrou boletim de ocorrência informando que no mesmo dia estava em casa, sentada na sala com a filha de colo, quando ele chegou em uma motocicleta, tirou o capacete e entrou na residência, que estava com a porta aberta. Ele então deu voz de assalto e pegou dois aparelhos celulares que estavam no cômodo, em seguida questionou se havia mais alguém no local e fez ameaças, colocando novamente o capacete e fugindo. A mulher, no entanto, reconheceu Marlon, uma vez que os dois teriam crescido juntos na Folha 28, conforme ela. A vítima afirmou acreditar que ele estivesse sob efeito de alguma substância entorpecente e, por isso, não a reconheceu.


J.Carlos trazendo informações em tempo real

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